segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Pelo fim da violência contra a mulher


A violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer!

Assistência Estudantil


Exigimos Políticas Especiais que atendam as Mulheres Estudantes! 
Campanha por 15% do orçamento da UFBA para Assistência Estudantil

Homofobia MATA!


DCE UFBA Gestão Primavera Nos Dentes na luta contra a HOMOFOBIA, LESBOFOBIA, TRANSFOBIA!

Preconceito MATA!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

25 de novembro Dia Latino americano e caribenho de luta CONTRA A VIOLÊNCIA À MULHER


Por ocasião do Dia Latinoamericano e Caribenho de Luta contra a Violência contra a Mulher, nós, do movimento feminista, vimos a publico para expressar a nossa indignação frente à persistência e crueldade da violência contra a mulher e a falta de empenho e compromisso dos governos e órgãos competentes para reverter esta situação.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Católicas pelo Direito de Decidir em Defesa da Vida

(em resposta ao texto “Apelo a todos os Brasileiros e Brasileiras” sobre como votar nas eleições 2010)

No final de agosto último, a Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, elaborou um texto com o propósito de orientar seus e suas fiéis sobre como votar bem nas próximas eleições. A Presidência e a Comissão Representativa dos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB, por sua vez, divulgaram nota em que afirmam acolher e recomendar a divulgação dessas orientações.

Católicas pelo Direito de Decidir, após tomar conhecimento do teor desses documentos, vem a público manifestar seu estranhamento e repúdio às afirmações falaciosas presentes no referido texto, o que de forma nenhuma condiz com o que esperamos de líderes religiosos que deveriam ser exemplo de ética e correção, especialmente ao assumir tarefa que não é própria do âmbito religioso, ou seja, interferir nas eleições, dirigindo-se inclusive a não católicos/as.

Como católicas, estranhamos que Igreja católica no Brasil, que há 30 anos orientou cristãos e cristãs a participarem da política sem assumir posições partidárias, venha agora a público fazer uma campanha tão declaradamente contrária à candidata do atual governo, distorcendo informações e faltando com a verdade. Se não, vejamos:

1. Não é verdade que o projeto apresentado pela Comissão Tripartite em 2005 propunha a descriminalização do aborto até o nono mês de gravidez. Cópia fiel do texto do projeto começa com a seguinte frase: “O Congresso Nacional decreta: Art. 1º – É livre a interrupção da gravidez, até a décima segunda semana de gestação, nos termos desta lei.” No texto “Apelo a todos os Brasileiros e Brasileiras”, portanto, há uma evidente distorção dos fatos, haja vista que existe uma regulamentação explícita no Projeto de Lei 1135/91 (e que é detalhada nos artigos seguintes) que não permitiria a interrupção de gravidez a qualquer momento da gestação. Para mais informações, veja em: Comissão de Seguridade Social e Família – Substituto da relatora ao projeto de lei n.1135, de 1991.

2. Não é verdade que o plano de governo do segundo e atual mandato do Presidente da República, de setembro de 2006, reafirme o compromisso de legalizar o aborto. Reiterada e publicamente o presidente vem afirmando que o aborto é uma questão de saúde pública e deve ser discutido no Congresso Nacional.

3. Ao afirmar a suposta existência de um Imperialismo demográfico que está implantando o controle demográfico mundial como moderna estratégia do capitalismo internacional, o texto da comissão da CNBB utiliza um argumento antigo, falso e inconsistente, sobretudo em tempos em que esse controle significaria uma estratégia obsoleta e desnecessária, pois é sabido que há tempos o Brasil é um país cuja população envelhece mais do que cresce. Além disso, o que ganharia o capitalismo em produzir menos consumidores? E o que o texto ganha, em termos pastorais, ao insinuar uma espécie de teoria da conspiração absolutamente fantasiosa?

4. Perguntamo-nos ainda por que os nossos eminentes Bispos silenciam princípios doutrinais católicos que legitimam o direito de uma mulher optar pelo aborto, como o recurso à própria consciência e a escolha do mal menor? Seria por um autoritarismo misógino? Ou seria por “mero” abuso de poder?

Como católicas comprometidas com a defesa da vida e da dignidade das mulheres, repudiamos a irresponsabilidade de integrantes da hierarquia católica que vêm insistentemente a publico para condenar o aborto – reforçando o estigma e o sofrimento de milhares de pessoas -, mas silenciam em conivência com as múltiplas formas de violência que as mulheres sofrem cotidianamente no Brasil apenas por serem mulheres. Lembramos que casos como os assassinatos de Eliza Samúdio e Mércia Nakashima não são exceção, mas regra corrente em nosso país misógino e machista.

Como católicas comprometidas com a justiça social, lamentamos profundamente que a CNBB não faça notas públicas para orientar a população católica a votar em candidatos reconhecidamente favoráveis às lutas sociais, à erradicação da miséria e da violência e à implementação de políticas públicas no Brasil que resolvam a injusta distribuição de renda de nosso país.

A Igreja católica na qual fomos formadas foi, em tempos de ditadura militar, no Brasil a voz daqueles que não têm voz, mas hoje cala-se vergonhosamente frente aos problemas mais graves do país, insistindo apenas na condenação dos direitos humanos das mulheres e de pessoas homossexuais, bissexuais, de travestis e transexuais. É sabido, entretanto, que há inúmeros/as católicos/as que, à revelia das posições oficiais da CNBB, continuam dando sua vida em prol daqueles que sofrem discriminações de todo o tipo. Parte significativa de padres, freiras e leigos/as não expressam sua discordância da oficialidade católica, porque temem ser punidos com expulsão das pastorais e das dioceses, imposição do silêncio e até mesmo afastados do serviço sacerdotal. Para nós, no entanto, são essas as pessoas que mantém vivo o espírito do evangelho!

A oficialidade católica necessita ouvir essas vozes e trabalhar por uma igreja coerente com os valores cristãos, com menos escândalos sexuais e voltada para aqueles/as que mais sofrem. Não é tarefa da Igreja assumir posições partidárias no processo político eleitoral, muito menos atentar contra a laicidade do Estado.

Como Católicas pelo Direito de Decidir, somos favoráveis à democracia, não queremos que o Estado se deixe pressionar por interferências indevidas de setores religiosos fundamentalistas. Defendemos o respeito merecido por todo/a o cidadão/ã brasileiro/a na hora de votar.

Como Católicas pelo Direito de Decidir, queremos fazer pública uma das vozes dissonantes dos diversos movimentos católicos que não concordam com o autoritarismo da hierarquia eclesiástica. Manifestamos nossa imparcialidade no processo eleitoral, repudiando o uso político das religiões para alcançar votos, bem como o uso que a oficialidade católica vem fazendo da política para impor questões supostamente doutrinais.

CATÓLICAS PELO DIREITO DE DECIDIR
São Paulo, 10 de setembro de 2010

http://www.abortoemdebate.com.br/wordpress/?p=1281

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Mulheres em Movimento Mudam a UFBA!

O DCE UFBA Gestão Primavera Nos Dentes convida a todas e todos a participarem do Ciclo de Debates Itinerantes Sobre a Mulher - Mulheres em Movimento Mudam a UFBA. O ciclo teve seu início no ano de 2009 e é uma ação da Diretoria de Mulheres do @dceufba em parceria com o Núcleo da Marcha Mundial das Mulheres na UFBA. O intuito do projeto é consolidar o debate de gênero dentro da Universidade, além de colocar na ordem do dia o combate a todas as formas de opressão.

O tema da primeira atividade será: Mais Mulheres na Política, Mais Política para as Mulheres; e terá como convidadas: Ana Alice Costa (NEIM), Joanna Paroli (UNE), Creuza Oliveira (SINDOMÉSTICA), Marta Rodrigues (PT Salvador) e Mãe Jaciara. O debate acontecerá no auditório do PAF III (campus de Ondina) no dia 15 de setembro (quarta), às 17 horas.


quarta-feira, 14 de julho de 2010

Jovens Feministas Baianas se Organizam no I Encontro Estadual da JPT

No último fim de semana, dias 10 e 11 de julho, a Juventude do Partido dos Trabalhadores da Bahia se reuniu em Camaçari no seu I Encontro Estadual. Foram debatidas e aprovadas diversas diretrizes sobre ações e política públicas que dizem respeito a setores específicos como Jovens Mulheres, Juventude Negra, Juventude Rural, e Juventude LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), que construíram seus próprios espaços de organização dentro da atividade.
Participaram do Encontro 239 dirigentes da Juventude do PT, vindos dos diversos territórios de identidade do Estado. O Núcleo da Marcha Mundial de Mulheres - UFBA marcou presença destacando a importância da auto-organização das mulheres para superar exclusões, opressões e violências cotidianas.
No Grupo de Trabalho que se dedicou a debater Políticas para Mulheres e Questão de Gênero foi aprovada, dentre diversos pontos importantes, uma Moção de Repúdio a todas as formas de violência contra a Mulher.



Moção de Repúdio a Toda Violência Sofrida Pelas Mulheres


Nós, Mulheres Jovens do Partido dos Trabalhadores, reunidas no I Encontro Estadual da JPT - Bahia, repudiamos veementemente todas as formas de violência e opressão sofridas pelas mulheres.

No Brasil, a cada 15 segundos uma mlher é vítima de agressão. Vivenciamos no último período a exposição midiática, de maneira agressiva e opressora, de alguns poucos casos de violência contra a mulher e isso não traduz a realidade dos diversos atos que acontecem cotidianamente, sendo cometidos em sua maioria por familiares e principalmente os parceiros destas mulheres.

A estrutura machista e patriarcal de nossa sociedade compactua e admite estas práticas as naturalizando e colocando as mulheres enquanto propriedade e mercadoria. Temos o papel central de combater cotidianamente tais práticas e chamarmos todas e todos à luta das mulheres para superar o sistema capitalista patriarcal, racista, homofóbico e destruidor do meio ambiente.


Juventude Feminista do Partido dos Trabalhadores - Bahia

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A epopéia de Eliza


Imagine-se assistindo a uma tragédia grega escrita por um grande dramaturgo. O palco pode ser Atenas no século III a.C. ou o Rio de Janeiro em 2010. A personagem principal é uma mulher que se apaixonou por um homem casado. Seu dilema, suas experiências e o desenrolar dessa história formam a trama da peça.

Na sociedade em que Eliza – ela se chama Eliza – vive, é comum que homens comprometidos tenham relações extraconjugais. Às mulheres isso não é permitido, claro. Afinal, lá as leis de propriedade são bem claras: o dono pode fazer o que quiser, cabe ao escravo, à mulher ou ao animal obedecer-lhe, ser fiel e servi-lo quando exigido. Não são considerados cidadãos, portanto não têm direitos.

Mas em determinado momento – no segundo ato, para ser mais precisa –, nossa personagem engravida. Isso ocorre ainda no início do romance entre eles. A questão se torna então muito mais complicada: segundo as leis não escritas, tudo bem o homem pular a cerca, mas sem grandes conseqüências como destruir um casamento ou, pior ainda, deixar um herdeiro!

A choradeira ganha força no palco. O coro entoa o ódio da esposa traída. Eliza aparece no canto direito da platéia, já com seu ventre crescendo.

O goleiro, ops, o marido, é um homem público proeminente e decide dar um basta naquilo. Não teria como arcar com tamanho escândalo moral. Não queria ser responsável por seus atos. Ele resolve forçar a jovem a interromper a gestação.

Entra em cena um observador da história, que coloca a seguinte dúvida: “– Ué, mas isso não era crime? Pode fazer aborto no Brasil?”

Persuadida, Eliza toma a poção feita pelos oráculos, mas por sorte o remédio não tem efeito. Ela de fato queria a criança. Os deuses devem ter ouvidos suas preces.

A narrativa avança no tempo e, alguns meses depois, o neném nasce, amparado pela família de Eliza. Ela decide que o goleiro precisa conhecer e reconhecer seu filho. Torna pública a questão e pede auxílio às autoridades locais. Era um menino, um varão, um cidadão! Algo seria feito, sem dúvidas.

Mas Eliza tinha ido longe demais. Seu ex-amante, que antes a amava, planeja em detalhes seu assassinato. Era a única forma de não tê-la mais importunando a sua vida. Uma história dessas poderia, afinal, impedir sua ascensão profissional, comprometer sua imagem e, pior ainda, dilapidar sua fortuna crescente.

Achava que ninguém daria falta dela. Era, afinal, uma mulher sem grande notoriedade. E de fato, o apelo aos sábios e à força da lei ainda não tinha surtido efeito. Tinha que aproveitar a oportunidade. Pediu ajuda a alguns amigos e tentou não se envolver diretamente na ação.

Daí para frente, as cenas são de horror: Eliza é seqüestrada, mantida em cárcere privado, espancada. Por fim, é morta e esquartejada. Seus restos são oferecidos a Cérbero, guardião do reino de Hades.

O coro entra no final com a lição de moral da história: Eliza foi longe demais para uma mulher. Apaixonou-se de forma livre, engravidou do homem errado, não aceitou suas ordens. Morreu, como deveria ser.


***


O texto lhe pareceu absurdo demais? Bem, ele pode ser resumido em algumas poucas palavras: pelo menos desde a Grécia Antiga a mulher é considerada pela sociedade (machista) inferior ao homem, de onde decorre todo o tipo de preconceito e discriminação. Entre elas, a violência física e o assassinato. De Sócrates a Bruno, a triste verdade é que Eliza é apenas mais uma personagem dessa epopéia feminina.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Nota de repúdio

CARNIFICINA É NÃO DESCRIMINALIZAR O ABORTO: UM DIREITO DA MULHER, UM DEVER DO ESTADO

As Centrais Sindicais brasileiras repudiam e manifestam a sua indignação à declaração do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, que afirmou nesta segunda-feira, dia 21, durante sabatina do Jornal Folha de São Paulo, que não mexeria na atual legislação sobre o aborto. Para ele "liberar o aborto criaria uma verdadeira carnificina no país."

É lamentável que um candidato a presidência da República tenha essa postura. Ao fazer essa declaração, ele fecha os olhos para milhares de mulheres que recorrem ao aborto como o último recurso para evitar uma gravidez indesejada e não como um método anticoncepcional.

Não há mulher ou homem que defenda o direito ao aborto, que considere a interrupção da gravidez uma decisão fácil, pelo contrário, é uma decisão difícil para a imensa maioria das mulheres que precisam recorrer a ele, podendo gerar conseqüências tanto físicas quanto psicológicas.

O reconhecimento do direito das mulheres em decidir sobre sua sexualidade e reprodução é o princípio dos direitos humanos e da cidadania que substancia os direitos sexuais e os direitos reprodutivos.

Serra parece desconhecer os números apresentados pelos países onde o aborto foi legalizado e é realizado em condições seguras e adequadas. Nesses locais houve redução do número de abortos, da mortalidade materna e das seqüelas provocadas pelos abortos realizados em péssimas condições. Só para se ter uma idéia, enquanto a taxa de aborto por 1.000 mulheres é de 4/1.000 em países como a Holanda, no Brasil a estatística é 10 vezes maior: 40/1.000. E na África do Sul, país que legalizou o aborto em1997, amortalidade materna caiu mais de 90% desde então.

Surpreende que um ex-ministro da Saúde faça uma declaração tão irresponsável como essa. Ele conhece os números do Sistema Único de Saúde. Quando Ministro da Saúde, José Serra foi pressionado a aprovar a norma técnica que assegura o acesso ao aborto legal no SUS. Ele sabe muito bem a quantidade de mulheres atendidas com hemorragia ao tentar fazer abortos em condições precárias. Sabe que a carnificina que ocorre é aquela patrocinada pela hipocrisia, pelos conservadores, moralistas, que fecham os olhos à realidade vivida por milhares de mulheres, que a cada dia, colocam suas vidas e sua saúde em risco, especialmente as pobres.

Ao utilizar o termo carnificina Serra propaga o caos e a desordem, o pânico.

Por isso, nós Centrais Sindicais, abaixo assinadas reiteramos nosso repúdio às palavras de José Serra e reforçamos o compromisso que assumimos na Assembléia Nacional da Classe Trabalhadora realizada no dia 1º de junho de 2010, onde as centrais assumiram a luta pela descriminalização do aborto e seu tratamento enquanto questão de saúde pública.

Não podemos aceitar que o Estado controle o corpo das mulheres e imponha a maternidade como um destino obrigatório a todas as mulheres.


Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil

Central Única dos Trabalhadores

Força Sindical

União Geral dos Trabalhadores

quinta-feira, 10 de junho de 2010

A fala e o fato: bola, machismo e violência contra as mulheres

As declarações de Felipe Melo, jogador da seleção brasileira de futebol, durante coletiva de imprensa no último dia 31, ao direcionar suas críticas à bola que será utilizada na Copa do Mundo de Futebol de 2010, explicitou o machismo e uma visão de naturalização da violência contra as mulheres. Nas palavras do jogador: "A outra bola é igual a mulher de malandro: você chuta e ela continua ali. Essa de agora é igual patricinha, que não quer ser chutada de jeito nenhum."

Para todos e todas nós que defendemos uma sociedade com igualdade entre homens e mulheres; livre da violência sexista, esta declaração não é "irreverente" como afirmou o Portal G1 da Rede Globo. É uma declaração grave, inaceitável e que precisa de retratações públicas. A violência contra as mulheres é possivelmente a violação de direitos humanos mais tolerada socialmente. Ainda é considerada algo natural na vida das mulheres, como se fizesse parte do destino. Por isso, muitas vezes não nos damos conta de que, em determinados momentos, estamos diante de um ato de violência sexista.

Nenhuma mulher gosta ou aceita ser chutada, ser vítima de qualquer ato de violência, seja ela rica ou pobre, branca ou negra, jovem ou adulta. As palavras de Felipe Melo ainda demonstram o preconceito com relação às mulheres pobres ao afirmar que a violência contra as mulheres é apenas um problema das classes baixas. Sabemos que esse tipo de violência é transversal e atravessa todas as classes sociais e diferentes culturas e religiões.

A violência é resultado das relações desiguais entre homens e mulheres, e acontece todas as vezes em que as mulheres são consideradas coisas, objetos de posse e inferiores aos homens. As mulheres têm uma longa trajetória de luta por emancipação política, econômica e pessoal; entretanto, ao mesmo tempo em que hoje avançamos na conquista de espaços, na garantia e ampliação de direitos, são ainda vistas, e muitas vezes tratadas, como seres inferiores, o que permite especialmente aos homens, o direito de ter a mulher como sua propriedade, como objeto.

Além disso, a grande mídia joga no time que reafirma a violência contra as mulheres na medida em que cumpre o papel de reafirmação desse machismo desde associar o corpo das mulheres às mais diversas mercadorias à banalização do sexo e da violência, a fragilidade e a submissão das mulheres reforçadas como coisa natural. Da mesma forma, a TV interfere no imaginário coletivo, perpetuando um mundo habitado pela violência e desigualdades de gênero em vez de produzir imagens que proponham novas possibilidades nas relações sociais.

O enfrentamento da violência contra as mulheres é ainda um grande desafio. Para os movimentos sociais, uma vez que a luta contra a violência precisa ser parte da luta por construção de autonomia das mulheres e de transformações gerais na sociedade e para os governos democráticos que defendem a cidadania das mulheres, como por exemplo, a Lei Maria da Penha e o Pacto Nacional pelo Enfrentamento à violência contra as mulheres.

A violência não pode ser camuflada. É importante visibilizá-la para afirmar que existe, ter dimensão de sua extensão; e que é preciso combatê-la. A CUT jamais se furtará de denunciar e de lutar por uma vida sem violência para todas as mulheres.


Violência contra as mulheres: tolerância nenhuma!

Artur Henrique, presidente da CUT, e Rosane Silva, secretária nacional da Mulher Trabalhadora e Integrante da Coordenação Executiva da MMM

Fonte: http://www.cut.org.br/content/view/20703/

Moção de Repúdio ao Estatuto do Nascituro



Moção de Repúdio ao Estatuto do Nascituro

A Marcha Mundial das Mulheres repudia com indignação o Projeto de Lei (PL) de autoria do Deputado Luiz Bassuma (PV-BA) e Miguel Martini (PHS-MG), que propõe instituir o Estatuto do Nascituro. O PL passa a considerar sujeito pleno de direito o óvulo fecundado, ou seja, o concebido e não nascido passa a ter mais direitos do que a mulher.

Tal PL pretende ainda legalizar, a violência sexual, especialmente o estupro que sofrem as mulheres. Tornando inadmissível o aborto conseqüente desta violação e instituindo o pagamento de auxilio para sustentação do nascido até os 18 anos. A “Bolsa Estupro”, como é conhecida pelos movimentos de mulheres, reforçará que a punição recairá sobre a própria mulher. A bolsa terá que ser paga pelo agressor e caso não o faça o ônus recairá sobre o Estado.

Afora a hipocrisia, se destaca a pretensão do legislador em querer determinar quando começa a vida, coisa que nem a ciência ousou fazer. Ao analisar os dispositivos desta proposta cai por terra o discurso de “proteção da vida”, pois não se vê nada além do que já tratam as legislações vigentes, sobre direitos de personalidade, direito de saúde e patrimoniais dos recém nascidos.

Caso aprovado fica proibido ainda qualquer manifestação que trate do assunto Aborto, cerceando o direito do debate quesito fundamental na democracia.

Entendemos que a proposta do “Estatuto do nascituro” deve ser rechaçada, pois ela significa mais um dos ataques dos conservadores, machistas e opressores:

- Condena as mulheres à submissão, mantendo-as expostas à violência;

- Reflete a omissão do legislativo diante do aborto como elemento de preservação da vida das mulheres e de garantia da autonomia;

- Golpeia a democracia, a igualdade e a justiça, atingindo bens e valores construídos historicamente.

O avanço rumo à aprovação do chamado “Estatuto do Nascituro”, deve ser visto como ameaça aos direitos das mulheres. Nele, estão reunidas as pautas mais retrogradas e de submissão, ostentadas pelo patriarcado e as instituições que o perpetuam, ao longo dos séculos: controle sobre o corpo das mulheres, a institucionalização da violência sexual e o domínio sobre o destino das mulheres.

Direito ao nosso corpo. Legalizar o aborto!

Marcharemos até que todas sejamos inteiramente LIVRES!

MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Mulheres preparadas para conquistar o poder

Pela primeira vez o Brasil tem chance real de ter uma mulher presidente e reverter o quadro que o coloca entre os países com menor percentual feminino em cargos eletivos. Esse foi o tom do Seminário Internacional Mulher e Participação Política na América Latina, no fim de semana em Brasília, contando com lideranças de 11 países e com a vereadora Marta Rodrigues.

Na América Latina, as mulheres vêm conquistando espaços de destaque na vida pública, a exemplo da Argentina e da Costa Rica que são governadas por presidentas. No Brasil, embora a maioria do eleitorado seja feminina, ainda há muito a ser feito: apenas 10% dos cargos eletivos são ocupados por mulheres. Para lideranças femininas de 11 países que compareceram ao Seminário Internacional "Mulher e Participação Política na América Latina – Desafios para a construção da igualdade"; está na Hora de reverter esse quadro.

A vereadora Marta Rodrigues, junto ao coletivo da Secretaria Estadual de Mulheres do PT Bahia e à vereadora Vânia Galvão (PT), participou de todas as mesas do evento organizado pela secretaria Nacional de Mulheres do PT e pela Secretaria de Relações Internacionais, nos dias 22, 23 e 24 de abril, em Brasília.

Marta relata que mesmo tendo evoluído bastante nos últimos oito anos em relação à política para mulher, o Brasil ocupa a 107ª posição no ranking dos países com maior porcentagem de participação da mulher na política. A líder é Ruanda com 56,3% de seu quadro político ocupado por pessoas do sexo feminino, seguida pela Suécia (46,4%), Suldáfrica (44,5%), Cuba (44,5%), Islândia (42,9%), Holanda (42%), Finlândia (40,15%), Moçambique (39,2%), Angola (38,6%), Dinamarca (38%).

“Boa parte desses países conseguiram criar um sistema de punição aos partidos que não respeitam as cotas de participação da mulher, através, por exemplo, do corte de benefícios”, explica a vereadora baiana. No Brasil, a política de cotas começou em 1985, estipulando em 20% o percentual de mulheres entre cargos eletivos. Hoje esse percentual é de 30%, mas, a maioria não consegue cumprir a lei e não é punida. “Lamentavelmente o sistema eleitoral não pune nem ajuda que mulheres se fortaleçam nos espaços de poder e decisão”, aponta.

A chance de reverter esse quadro é clara para as participantes do seminário: é preciso eleger uma mulher para presidente. A mesa de abertura “Participação política das mulheres na América Latina – Avanços e desafios”, contou com a ex-ministra chefa da Casa Civil da Presidência da República, Dilma Rousseff e com a politóloga uruguaia e senadora pelo novo movimento de participação popular do Uruguai “Espacio 609” , Constanza Moreira. Para Dilma, o Brasil já está preparado para ter uma presidente. “E acho mais: as mulheres estão preparadas para ter uma presidente mulher”, disse e foi bastante aplaudida.

A senadora uruguaia defendeu a continuidade na política externa do Brasil para o Mercosul e destacou qualidades da pré-candidata: “Ter uma mulher a frente do governo de um país chamado a ter uma papel de liderança na América Latina é dar à mulher destaque”.


Transversalidade

Dilma lembrou a criação, nos primeiros dias do governo Lula, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e ações em benefício das mulheres nos programas mais importantes do Governo Federal. No Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), melhorias urbanas, crescimento de Índice de Desenvolvimento Humano e cidades mais planejadas são benefícios às famílias mais pobres, quase sempre chefiadas por mulheres. “Só as mulheres recebem o bolsa-família, porque não vão gastar o dinheiro com qualquer coisa, vão privilegiar a alimentação de seus filhos”, acrescenta Dilma.

O Programa Minha Casa Minha Vida, prossegue a ex-ministra, tem entre seus critérios de seleção a preferência por famílias chefiadas por mulheres. Programas de assentamento e de agricultura familiar do Governo privilegiam mulheres e ainda exigem a concordância dela no caso da família optar por alienação da propriedade.

“A importância que um seminário desses nos traz é saber dos desafios que ainda temos a enfrentar em nível de América Latina”, analisa Marta Rodrigues. “A gente compreende que houve avanços, mas também que ainda impera uma sociedade machista”.


Para aumentar o espaço da mulher

Para Marta, o machismo não só afeta a vida de mulheres, mas condiciona toda a sociedade em questões de gênero à supremacia masculina. Para quebrar os pilares do machismo, “precisamos continuar o que o Governo Lula vem fazendo: promovendo a igualdade de forma transversal em todas as áreas, mas é preciso atuar na Educação que é base da transformação, também na Justiça, na economia através da promoção de emprego e renda e equiparação salarial, bem como na saúde através de atenção à saúde sexual e reprodutiva”.

Marta Rodrigues salienta que durante o Governo Lula, foram realizadas duas grandes conferências nacionais com cerca de 320 mil mulheres de todos os Estados e do Distrito Federal, resultando em dois planos de políticas para as mulheres. No primeiro, 199 ações envolveram 19 organismos governamentais e no segundo, 388 ações estão sendo executados por 22 órgãos do Governo. "Um avanço muito importante na nossa história".

Houve evolução também na reforma política, que possibilitou pequenos avanços significativos como o estabelecimento de 5% do fundo partidário para o fortalecimento da candidatura da mulher e 10% para a formação política delas.

“Mas ainda vivemos um regime de patriarcado no controle inclusive da divisão do trabalho”, adverte a vereadora. Na capacitação, completa: “nós estamos na frente, mas quando vamos ver em questão de salários ficamos muito abaixo”. Para Marta, políticas de cotas são necessárias, mas temporárias: “o que é preciso são ações de longo prazo e concretas”.

Para aumentar o espaço da mulher nos cargos eletivos:

1. Acabar com o preconceito machista nos espaços políticos

2. Combater o engessamento das estruturas governamentais

3. Coibir a burocracia

4. Acabar com o paternalismo de políticas assistencialistas

5. Extinguir leis retrógradas

6. Combater a Interferências do segmento religioso

7. Valorizar mulheres realmente atuantes ou engajadas no movimento feminista em detrimento das “políticas” de fachada

O Seminário Internacional "Mulher e Participação Política na América Latina – Desafios para a construção da igualdade" é preparação para a Plenária Nacional de Mulheres do PT, agendada para acontecer em final de maio.


Passo à frente

O Brasil pode comemorar: 89% dos 27 estados aderiram ao Pacto Nacional pelo enfrentamento da violência contra a mulher. Dos 27, 22 estados assinaram o pacto. “Isso demonstra compromisso com a aplicação da Lei Maria da Penha (11.340/06), e resultou na implantação de 147 juizados especializados ou varas especiais. “Aqui na Bahia foram criadas três varas para atender mulheres vítimas de violência”, destaca Marta. “Esses locais permitem outro olhar e outro tratamento às vítimas da violência e agilidade no cumprimento da Lei".

Dos 27 estados brasileiros e do Distrito Federal, foram implementadas 68 casas-abrigo e 146 Centro de Referência que permitem acompanhamento multidisciplinar das vítimas, além de 56 núcleos especializados e 476 delegacias ou posto de atendimento. Há ainda sete serviços de responsabilização dos agressores com atendimento de equipe multidisciplinar para todo agressor, no âmbito do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania - Pronasci.

Marta conclui que houve um retrocesso com a mudança de um dos artigos da Lei Maria da Penha. “A própria justiça está fragmentando a lei, ao colocar que a denuncia só será válida se originar da vítima e não de uma testemunha. “É a volta do ditado - Em briga de marido e mulher não se mete a colher”, lamenta.

sábado, 24 de abril de 2010

Inventando a contra-mola que resiste!

"Os poderosos podem matar uma, duas ou até três rosas, mas jamais poderão deter a primavera." Che Guevara

Queremos a universidade pintada de preto. Queremos a universidade pintada de lilás. Pintada de vermelho. Com todas as cores de um arco-íris. Pois somos povo. Somos negras. Somos indígenas. Somos uma Primavera a colorir a universidade.

Mais de trinta e cinco mil estudantes se apertam na universidade hoje. A UFBA cresce, e a nossa luta cresce junto, com a necessidade de levantar cada vez mais alto nossas bandeiras.
Cada estudante tem o direito de acesso pleno ao ambiente universitário, com segurança, alimentação, acesso a material didático, cultura, arte, lazer, cidadania. A universidade deve dar condições à pesquisa na graduação. Deve incentivar o protagonismo juvenil nas ações universitárias. E o Movimento Estudantil deve ter condições de assumir essas lutas e inaugurar um novo momento de grande mobilização na construção de uma outra universidade: Democrática, Popular e Integrada à Comunidade!

No último período, nós da CHAPA 1 PRIMAVERA NOS DENTES, estivemos junto aos centros e diretórios acadêmicos e nos diversos movimentos sociais (Mulheres, LGBT, Indígena, Sem Terra, Negras e Negros), encampando lutas importantes.

Queremos chamar cada estudante da UFBA para dizer que NÃO TOPAMOS O VALOR DE R$ 5, 50 DAS REFEIÇÕES DO RESTAURANTE UNIVERSITÁRIO! BANDEJÃO NA UFBA! O valor abusivo dá a nossa universidade o título de “RU mais caro do Brasil”. Convocamos cada estudante da universidade a lutar contra mais esse abuso e cobrar uma política verdadeiramente eficaz de permanência estudantil!

Propostas:
  • BANDEJÃO NA UFBA É UM REAL!
  • 15% do Orçamento da Universidade para Assistência Estudantil
  • Pela construção de novas residências universitárias!
  • Pela revitalização e aumento de vagas na creche da UFBA
  • Pelo aumento de bolsas-permanência
  • Política de permanência para estudantes indígenas
  • BUZUFBA - Transporte gratuito intercampi
  • Mais controle dos serviços privados pela UFBA, como xerox e cantinas
  • Condições de aulas em São Lázaro à noite
  • Funcionamento do serviço do Salvadorcard na UFBA à noite.
  • Salas para Centros e Diretórios Acadêmicos, colegiados, professores dos cursos noturnos
  • Iluminação, revitalização e paisagismo ecológico
  • Defesa irrestrita das cotas! Contra a Ação dos Democratas no STF!
  • Realizar o Seminário Ações Afirmativas por Inteiro
  • Realizar o I Seminário de Integração com a Comunidade
  • I Seminário de Formação de Entidades de Base (CAs e Das)
  • Pela construção do Fórum Acadêmico de Cultura e Arte
  • Realizar a II Bienal de Arte e Cultura da UFBA
  • Realizar o I Encontro de Estudantes LGBT da UFBA
  • Por um plano LGBT para a UFBA
  • Realizar o II Encontro de Mulheres da UFBA
  • Todo apoio às resoluções da CONAE
  • Defesa do Projeto de Reforma Universitária da UNE
  • Defesa da continuidade da expansão: UFOB e UFBA Metropolitana Já!
  • Paridade e fim do denominador nos Conselhos e eleições para Dirigentes
  • Orçamento Universitário Participativo
  • Garantia de vagas em Cursos de Progressão Linear para todos e todas estudantes oriundos dos BIs
  • Ampliação do debate contra a criminalização da maconha e por políticas de redução de danos.
  • Fora Fundações Privadas e Cursos Pagos!
  • Por uma expansão do campus com gestão ambiental democrática
  • Pela Facultatividade do Pagamento Antecipado do Salvador Card
  • Audiências Públicas dos Conselhos Universitários
  • Criação e construção do Fórum institucional de reestruturação acadêmica
  • Organização da Memória do Movimento Estudantil

sexta-feira, 12 de março de 2010

8 de março - Artigo da vereadora Marta Rodrigues*

O Dia Internacional da Mulher foi estabelecido em 8 de março pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, ano que se tornou o Ano Internacional da Mulher e também o início da Década da Mulher. As versões desta história, por mais diversificadas que sejam, constroem as imagens das mulheres como combativas operárias, revolucionárias e de esquerda.
É possível reunir tais narrativas em três blocos: 1) greves e martírio de operárias nos Estados Unidos, em 1857 e em 1908; 2) greve, manifestação e deflagração da Revolução Russa por parte das mulheres; 3) iniciativa de uma revolucionária chamada Clara Zethin, que em 1910, durante a 2ª. Conferencia Internacional das Mulheres Socialistas em Copenhague (Dinamarca) propôs instituir o Dia Internacional da Mulher.
No Brasil, a Frente Negra Brasileira (1931) criou o Partido Republicano Feminino, demonstrando alto nível de organização nacional, que se iniciara no século anterior e se manteria até a ditadura militar do Estado Novo, em 1937. O movimento tem leve refluxo, mas retoma seu florescimento junto com os levantes internacionais de 75, o ano da mulher no mundo e também no Brasil. De lá até então, o movimento comemora o 8 de março como um marco histórico para as mulheres mundo afora.
Mas nem todas as mulheres protagonizaram esses momentos. As mais afetadas pelo machismo e pelo sexismo, as negras, percebiam os efeitos do racismo mesmo nos momentos de vitória. Como uma forte manifestação da dupla discriminação, à qual as mulheres negras estão submetidas, elas são excluídas dos melhores empregos simplesmente por serem mulheres e também negras. Relegadas ao trabalho precário e aos salários mais baixos, as negras ainda são as principais responsáveis pela família e por criar os seus filhos.
A presença da discriminação racial é reforçada pelas discriminações fundadas em gênero, aprofundando desigualdades e colocando mulheres negras na pior situação quando comparadas aos demais grupos populacionais.
A experiência histórica indica que as conquistas só se dão em períodos de avanços democráticos, sob pressão das mulheres, contando com o apoio dos movimentos e da sociedade organizada. As dificuldades de participação das mulheres nos espaços de poder estão determinadas entre homens e mulheres e no aprofundamento histórico da divisão sexual do trabalho. Nas últimas décadas, as mulheres iniciaram uma jornada de afirmação da própria identidade e de visibilidade, com a ampliação da presença no espaço público, rompendo os limites da esfera privada.
Esta é uma das mudanças sociais mais marcantes. No entanto, sua presença extremamente reduzida em espaços políticos de maior poder e decisão na sociedade denuncia a permanência do acesso masculino privilegiado. Mobilizadas pela reforma política e por melhores condições de disputa democrática, as mulheres percebem que chegar ao poder não é apenas mais uma pauta, e sim a melhor perspectiva de alterar a correlação de forças desvantajosas e iniciar o processo de mudança que nos levará á igualdade.
* Vereadora do PT na Câmara Municipal de Salvador e militante da Marcha Mundial das Mulheres

terça-feira, 9 de março de 2010

No 8 de março, as estudantes vão às ruas!



Mulheres de todas as idades, raças e classes sociais marcharam unidas nesta segunda-feira, 8 de março de 2010 no centro de São Paulo, para celebrar os 100 anos da data que marca a luta feminista no mundo.

Elas marcharam por seus direitos, marcharam por igualdade, marcharam por respeito, marcharam por políticas públicas favoráveis ao sexo feminino. “Nossa Luta é todo dia, somos mulheres e não mercadoria” era o grito de guerra que entoava a manifestação, que percorreu o centro da capital paulista desde a Praça do Patriarca – rebatizada hoje de Praça da Matriarca - seguindo até a Praça da Sé, em frente à catedral da Sé.

“Nosso desafio é evidenciar a existência do machismo no ambiente estudantil e lutar para a extinção de mecanismos que oprimem as mulheres nas universidades”, comenta Fabíola Paulino, diretora de mulheres da UNE, presente no ato.

O movimento estudantil estava representado também pelas diretoras da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP), da Uniao Paulista de Estudantes Secundaristas (UPES) e da Associação Nacional dos Pós-graduandos (ANPG).

Homens também fizeram coro com as mulheres na celebração de 100 anos de lutas. Integrantes de diversas entidades de movimentos sociais e partidos levaram do mesmo modo sua mensagem. A União Brasileira de Mulheres (UBM) salienta que a luta por um mundo de igualdades e contra toda a opressão permanece atual, exigindo a união de todos. As entidades do movimento estudantil lançaram a campanha “Lugar de Mulher é na Política!”, chamando as mulheres a conquistarem mais espaço, especialmente neste ano de eleições.

Além de São Paulo, atividades também estão acontecendo em Campinas e no Rio de Janeiro. Confira em breve relatos e imagens de todos os eventos.

Veja as fotos do ato realizado na capital paulista neste 8 de março de 2010: Clique aqui


http://www.une.org.br/home3/movimento_social/movimento_social_2007/m_16141.html

Marcha com três mil integrantes marca 100 anos do Dia Internacional da Mulher

O objetivo da ação é conquistar avanços e melhorias para a vida das mulheres brasileiras, denunciar o capitalismo patriarcal e expressar solidariedade com as mulheres de todo o mundo

08/03/2010

Desirèe Luíse,

De São Paulo, da Radioagência NP


O 8 de março deste ano marca os cem anos do Dia Internacional da Mulher. Por isso, no Brasil, três mil mulheres começam, nesta segunda-feira (08), uma marcha, que sai de Campinas e chega a São Paulo, no dia 18 deste mês. O ato faz parte da 3ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres, que acontece ao longo de 2010 e conta com a participação de mulheres de todas as Regiões do país, do campo e da cidade.

O lema deste ano é “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!”. O objetivo da ação é conquistar avanços e melhorias para a vida das mulheres brasileiras, denunciar o capitalismo patriarcal e expressar solidariedade com as mulheres de todo o mundo.

Miriam Nobre, da Marcha Mundial das Mulheres, falou sobre a importância de ações que visam os direitos femininos.

“Nós sabemos que cada vez mais as mulheres sustentam sozinhas suas famílias, e [é preciso] poder decidir a melhor forma de como fazer isso. Quer dizer, tendo empregos com qualidade, com direitos, com salário justo ou então tendo condições de produzir, no caso das mulheres que vivem no campo, das artesãs, das comerciantes. Que elas possam trabalhar em boas condições e viver do seu trabalho.”

A 3ª Ação Internacional será baseada em quatro campos de atuação: autonomia econômica das mulheres, bens comuns e serviços públicos, paz e desmilitarização e violência contra a mulher.

A Marcha Mundial das Mulheres é um movimento feminista internacional que nasceu no ano 2000, a partir de uma mobilização que reuniu mulheres de todo o mundo. Em 2005, a Marcha organizou sua 2ª Ação Internacional para divulgar a proposta de um mundo sem machismo e opressão.

Fotos de João Zinclair

8 de março: pelo direito das mulheres viverem a juventude!

Faz 100 anos que o “8 de março” é o dia de luta das mulheres. Existem diversas histórias relacionadas a essa data. O mais comentado é um possível incêndio em Nova York , greve por mais direitos. O fato é que tratou-se de uma opção política das mulheres socialistas, em Congresso, unificando um dia de luta.

A data ultrapassou grandes momentos, encabeçou muitos enfrentamentos políticos, sociais e econômicos. Superou desafios, acumulou conquistas e direitos. Aos 100 anos, podemos dizer, muita coisa mudou. Podemos apontar que a vida das mulheres sofreu uma grande transformação.

Mas sigamos com cautela, não é tempo de comemorações.

Sabemos que as desigualdades permanecem. E hoje também é dia de darmos destaque e visibilidade aos dados alarmantes. O globo noticiou no “oglobo.com”: “Mais qualificadas, mulheres continuam ganhando menos que os homens, diz IBGE”. Mais precisamente, as mulheres recebem “72%” do salários dos homens, em média. No jornal de domingo, no caderno “Boa Chance”, a manchete diz “Explode o assédio. Denúncias cresceram 723% no Rio nos últimos 5 anos”. Sabemos que não trata-se de uma questão regional.

Nesse mesmo sentido, os casos de abortos clandestinos – e mortes relacionados aos mesmos – permanecem subindo; as mulheres continuam responsáveis solitárias pelo trabalho “doméstico”. A violência contra a mulher ainda existe e é praticada por membros de sua própria família. As mulheres permanecem excluídas dos espaços de decisão e poder da sociedade.

Bom, precisamos também falar da tão aclamada e desejada “feminilidade”. Tal termo está relacionado a um modelo existencial para todas as mulheres, mas dirige-se notadamente às mulheres jovens. Constrói uma rede de exigências para se chegar ao título “feminina”, que pretende-se ideal de todas. Para além da estética, envolve um comportamento determinado.

Quase uma fantasia. Elas precisam se “vestir” daquilo que é esperado delas. Precisam correr o dia todo, dar conta do estudo associado ao trabalho. Devem andar mascaradas – ops! Muito maquiadas – além de utilizarem todos os tipos de apetrechos necessários para se transformarem verdadeiramente em “mulheres jovens”. Afinal de contas, ser mulher jovem é uma construção social definida pela quantidade de cosméticos, utensílios estéticos e disponibilidade para o desejo, principalmente sexual, do outro. Ah! Sim... com muito rosa, pois essa é a cor da “feminilidade”.

A realidade é dura e opaca. Está em oposição à plastificação estética exigida. Não vem revestida. As mulheres jovens são maioria no emprego precarizado, postos temporários, setor de telemarketing, profissões relacionadas a estética, setor terciário. Assumem cada vez mais novas o trabalho doméstico. A gravidez precoce permanece uma questão nas suas vidas.

Em razão desse contexto, vivem em constante insegurança. Suas vidas também são marcadas por uma permanente insatisfação e ansiedade, diante das exigências inalcançáveis. Não disponho de estatísticas, mas cada dia “novas” doenças surgem, diretamente relacionadas às mulheres. A bulemia, anorexia e transtornos de ansiedade são bons exemplos.

Abriram-se novas perspectivas, desde 2002, com o governo Lula. A juventude tornou-se um direito. E, nesse 8 de março, queremos afirmar o direito das mulheres viverem a juventude! Aos 100 anos reafirmamos que o desafio para a construção da igualdade permanece político.

Defendemos uma agenda que caminhe progressivamente pela postergação da entrada das mulheres jovens ao mercado de trabalho, acesso à educação, à cultura e saúde. Para tanto, alguns passos são fundamentais: uma efetiva política de assistência estudantil; creches; meia entrada para toda a juventude; legalização do aborto. Tudo isso combinado com uma política efetiva de inclusão das mulheres em todos os espaços de direção política.



Ana Cristina Pimentel

Militante da Marcha Mundial das Mulheres

Secretária Estadual da Juventude do PT Minas Gerais

quinta-feira, 4 de março de 2010

Porquê defendemos cotas raciais

Por Clédisson Júnior

Diretor de Combate ao Racismo da UNE

O Racismo no Brasil

Para compreendermos o processo de formação da sociedade brasileira, é preciso entender que o racismo foi ideologia fundamental para a manutenção do Estado que se pretendia formar, isto é, não ocorre processo colonialista sem racismo.

O racismo sempre foi instrumento para manter a dominação, subjugando a todos que estão sob esse véu. O racismo é resultado da epistemologia européia a serviço da dominação sobre os outros povos. O racismo como o vivenciamos dia-a-dia é um conjunto de ações e intenções que marcam as relações sociais entre os indivíduos, e tem em sua fundamentação a superioridade de uma raça (branca) em detrimento de outra (negra e/ou indígena, etc).

É importante destacar que o contexto raça usado para fundamentar a nossa discussão é apresentado na perspectiva sociológica, ou seja, que raça existe em nossa contemporaneidade e é fruto de um conjunto complexo de fatores culturais e históricos, que, sim, foi balizador e critério para configurar a divisão social do trabalho no período colonial e nas ocupações dos diversos espaços de direção e poder de nossa sociedade.

As desigualdades raciais existentes em nosso país têm em suas bases uma estreita relação com a estruturação em classes de nossa sociedade. Em uma sociedade regida por uma democracia liberal, amparada em preceitos burgueses, o preconceito racial cumpre novas funções e ganha novas formas de aplicação, ainda mais eficientes no intuito de manter negras e negros fora dos espaços de formação e conhecimento que possam garantir algum tipo de ascensão social.

O negro e a negra na universidade brasileira

Atualmente, o acesso à universidade pública se dá por meio de um processo de seleção no qual a maior parte dos aprovados são estudantes egressos de escolas privadas ou que possuem recursos necessários para o custeio de cursos preparatórios ao exame de admissão.

Como sabemos, a população negra é maioria da população pobre e/ou miserável de nosso país, o que cria uma dinâmica de inversão proporcional no processo de inclusão no ensino superior público no Brasil. Defender a presença cada vez maior e efetiva de negros e negras na universidade pública brasileira, para nós, é positiva, imprescindível e estratégica para combater o racismo e fortalecer o processo democrático.

O sistema educacional, políticas curriculares e bases teóricas que fundamentam a produção cientifica no Brasil são construídas a partir de bases e referências eurocentradas, não respeitando a diversidade étnica que compõe a realidade da população brasileira.

Políticas de cotas raciais

Nos últimos anos, é intensa a discussão acerca da emergência da aplicação de políticas de ações afirmativas na educação superior brasileira. Tais discussões visam a reparar aspectos discriminatórios que impedem o acesso de pessoas a uma maior “sorte” de oportunidades

Para nós, do movimento negro, a importância dada às ações afirmativas, em especial, a política de cotas raciais nas universidades públicas, é instrumento estratégico para alterarmos o estado das coisas, na sociedade racista em que vivemos. Pressionar o poder público a fim de aprovar essa política como parte integrante do texto constitucional vem sendo tarefa de todos nós, negras e negros consequentes.

Não somos alheios ao fato de que a igualdade formal, tão cara à concepção de Estado moderno, que visa a consagrar a igualdade de todos e todas perante a lei, não é aplicada em sua acepção prática, não correspondendo com o real sentido de sua existência.

Apresentar perspectivas que apontem para as políticas de cotas raciais, teor de inconstitucionalidade, reforça cada vez mais as críticas e questionamentos que nós dirigimos ao conceito de igualdade apresentada e defendida pela democracia liberal.

Quando observamos a constituição federal em seu artigo terceiro, em que se elencam os objetivos da República, tais como a construção de uma sociedade livre, justa e solidária; a garantia do desenvolvimento, a erradicação da pobreza e a promoção do bem para todos e todas sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outra forma de discriminação; podemos ver o quanto as políticas de cotas raciais para ingresso nas universidades públicas, possui forte conteúdo democrático e amplo apelo constitucional.

É preciso enegrecer a universidade

É papel da universidade fomentar a importante e indissociável articulação entre o ensino, a pesquisa e a extensão, exigência intrínseca para a constituição de um centro de ensino que, de fato, exerça a sua função de produzir conhecimento e tecnologia de fato úteis para a sociedade brasileira.

Uma universidade que, aliando a prática pedagógica e a produção do conhecimento científico, não se ativer ao novo momento histórico que vivemos, diferente e desafiador, e que cada vez mais reclama para si a busca pelo fortalecimento da democracia, não terá êxito na sua missão de transformação e contribuição para a instauração de uma nova consciência e fortalecimento da cidadania.

Assim como é importante a inclusão dos negros e negras nos bancos escolares do ensino superior, também se faz necessário e imprescindível para a universidade a presença e permanência destes.

A efetiva e militante presença dos negros e negras na universidade pública garantirá um redirecionamento no processo de produção cientifica, na elaboração de matrizes curriculares democráticas e em um processo extensionista cada vez mais comprometido com a classe trabalhadora.

Uma revolução nada silenciosa

Em um momento futuro, a ocupação quantitativa que queremos promover ao defender a políticas de cotas raciais nas universidades públicas se reverberará em uma maior participação dos negros e negras nos espaços de tomada de decisão e, consequentemente, na definição de rumos verdadeiramente democráticos e republicanos para a sociedade brasileira.

Tal engajamento nos instrumentaliza para a verdadeira disputa que enfrentamos cotidianamente desde o dia em que nascemos, na qual o combate sistêmico ao racismo é central na estratégia por uma sociedade solidaria, justa e democrática. O processo de resistência a cada dia torna a luta dos negros e das negras mais forte e mobilizada.

Defender em alto e bom som a política de cotas raciais nas universidades públicas é trazer à tona, em todo o Brasil, que ele é um país racista. A defesa das cotas é carregada de forte simbolismo, visando a quebrar com uma dinâmica de manutenção do poder sustentada pelo mito da democracia racial.

Para que, de fato, possamos superar as distorções sociais gestadas pelos ideais racistas, é necessário compreendê-lo para que a sua superação seja definitiva. Esse processo de compreensão nos traz a relação dialética entre as lutas raciais e a luta de classes.