quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Aborto... O que nós temos a ver com isso?


Mais de 800 mulheres morreram na Bahia, em cinco anos, de causas maternas. Em Salvador, o aborto inseguro é a primeira causa isolada dessas mortes. De janeiro de 2007 a agosto de 2008, aproximadamente, 32 mil mulheres foram atendidas na rede pública baiana em decorrência de complicações pós aborto. Para enfrentar este problema, nós, mulheres estudantes da UFBA, integrantes do núcleo da Marcha Mundial das Mulheres, convidamos a todas e todos para o debate: Aborto: O que nós temos a ver com isso?

“Enquanto o aborto for considerado crime, a mulher continuará tendo a cidadania reduzida. É uma situação muito perversa. Aqui no Brasil, se uma mulher disser que fez um aborto, pode ser processada e até presa. Ao mesmo tempo, mulheres ainda perdem emprego porque estão grávidas. Quantos empregadores admitem mulheres grávidas? Quantas creches públicas e escolas de educação infantil existem disponíveis?”, Lena Souza.

Nós defendemos que o aborto deve ser visto como um problema de saúde pública que, quando negligenciado, leva mulheres à morte. “Ao colocar o aborto na clandestinidade, elas são empurradas para práticas inseguras”, Profª Greice Menezes.
Dossiê sobre a realidade do aborto na Bahia, organizado pelo Instituto Mulheres pela Atenção Integral à Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos (IMAIS), no ano passado, mostra que a curetagem pós-aborto aparece como o segundo procedimento mais frequente na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Só em 2007 foram realizadas 8.387 curetagens em Salvador. Isso significa quase 699 por mês, 23 por dia e 01 a cada hora.

Esta não é uma realidade exclusiva da Bahia. Pesquisas sobre o aborto no Brasil mostram que a ilegalidade traz consequências negativas para a saúde das mulheres, pouco coíbe a prática e propaga a desigualdade social. O risco imposto é, sobretudo, vivido pelas mulheres pobres e pelas que não têm acesso aos recursos médicos.
Lutar pela descriminalização é resgatar a dignidade da mulher. Por isso, o nosso empenho é fazer com que a sociedade reconheça o aborto como um problema de saúde pública e um direito das mulheres de decidirem sobre o que fazer sobre o seu corpo. O próprio Ministério da Saúde destaca, em relatório sobre o aborto no país, que enfrentar com seriedade esse fenômeno significa entendê-lo como uma questão de cuidados em saúde e direitos humanos, e não como um ato de infração moral de mulheres levianas.

Ciclo de Debates Itinerantes sobre a Mulher - Quarta Etapa

Aborto... O que nós temos a ver com isso?
Núcleo de Mulheres do Movimento Popular, Católicas pelo Direito de Decidir, Profª Greice Menezes (ISC UFBA), Profª Sílvia (Enfermagem UFBA), Marcha Mundial das Mulheres

Data: 27 de novembro de 2009, às 14 horas
Local: Auditório da Faculdade de Enfermagem UFBA

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