sexta-feira, 12 de março de 2010

8 de março - Artigo da vereadora Marta Rodrigues*

O Dia Internacional da Mulher foi estabelecido em 8 de março pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, ano que se tornou o Ano Internacional da Mulher e também o início da Década da Mulher. As versões desta história, por mais diversificadas que sejam, constroem as imagens das mulheres como combativas operárias, revolucionárias e de esquerda.
É possível reunir tais narrativas em três blocos: 1) greves e martírio de operárias nos Estados Unidos, em 1857 e em 1908; 2) greve, manifestação e deflagração da Revolução Russa por parte das mulheres; 3) iniciativa de uma revolucionária chamada Clara Zethin, que em 1910, durante a 2ª. Conferencia Internacional das Mulheres Socialistas em Copenhague (Dinamarca) propôs instituir o Dia Internacional da Mulher.
No Brasil, a Frente Negra Brasileira (1931) criou o Partido Republicano Feminino, demonstrando alto nível de organização nacional, que se iniciara no século anterior e se manteria até a ditadura militar do Estado Novo, em 1937. O movimento tem leve refluxo, mas retoma seu florescimento junto com os levantes internacionais de 75, o ano da mulher no mundo e também no Brasil. De lá até então, o movimento comemora o 8 de março como um marco histórico para as mulheres mundo afora.
Mas nem todas as mulheres protagonizaram esses momentos. As mais afetadas pelo machismo e pelo sexismo, as negras, percebiam os efeitos do racismo mesmo nos momentos de vitória. Como uma forte manifestação da dupla discriminação, à qual as mulheres negras estão submetidas, elas são excluídas dos melhores empregos simplesmente por serem mulheres e também negras. Relegadas ao trabalho precário e aos salários mais baixos, as negras ainda são as principais responsáveis pela família e por criar os seus filhos.
A presença da discriminação racial é reforçada pelas discriminações fundadas em gênero, aprofundando desigualdades e colocando mulheres negras na pior situação quando comparadas aos demais grupos populacionais.
A experiência histórica indica que as conquistas só se dão em períodos de avanços democráticos, sob pressão das mulheres, contando com o apoio dos movimentos e da sociedade organizada. As dificuldades de participação das mulheres nos espaços de poder estão determinadas entre homens e mulheres e no aprofundamento histórico da divisão sexual do trabalho. Nas últimas décadas, as mulheres iniciaram uma jornada de afirmação da própria identidade e de visibilidade, com a ampliação da presença no espaço público, rompendo os limites da esfera privada.
Esta é uma das mudanças sociais mais marcantes. No entanto, sua presença extremamente reduzida em espaços políticos de maior poder e decisão na sociedade denuncia a permanência do acesso masculino privilegiado. Mobilizadas pela reforma política e por melhores condições de disputa democrática, as mulheres percebem que chegar ao poder não é apenas mais uma pauta, e sim a melhor perspectiva de alterar a correlação de forças desvantajosas e iniciar o processo de mudança que nos levará á igualdade.
* Vereadora do PT na Câmara Municipal de Salvador e militante da Marcha Mundial das Mulheres

Um comentário:

  1. Lili,

    queria te pedir seu contato, eu sou da mmm e estou indo pra salvador daqui umas semanas. meu emeio é maronhas@gmail.com.

    bjs

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